GÊNERO, TEORIA QUEER E INTERSECCIONALIDADE NA AMAZÔNIA OITENTISTA (BELÉM-PA)

Pedro Antonio de Brito Neto
Mestrando do Programa de Pós-graduação em História Social da Amazônia (PPHIST), da Universidade Federal do Pará (UFPA); bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), tendo como orientador(a) a professora Dra. Cristina Donza Cancela.

Resumo:

Este breve texto foi pensando durante a disciplina Gênero, História e a narrativa da Nação e da população na Amazônia, no qual abordo três teorias que podem ser usadas como categorias de análise história, o Gênero, a Teoria Queer e a Interseccionalidade, aplicado aos sujeitos não-heteronormativos das notícias policiais dos jornais da imprensa paraense da década de 1980.

Palavras-chave: performance; intersecção; identidades; sexualidades.



Comentários

  1. Olá Professor Pedro Antonio de Brito Neto, primeiramente parabenizo pelo texto.

    Meu questionamento é sobre o campo teórico. No campo de Humanidades a pesquisa sobre Gênero parece na maioria das vezes aplicar a base teórica Pós-Estruturalista (que alguns nomeiam de Pós-Moderna). (1) Como o senhor entende a lógica utilizada por esse campo teórico que trata a verdade como algo inexistente e a realidade construída a partir do discurso? (2) O Pós-Estruturalismo não estaria reavivando com grande força a dicotomia, que emerge no século XVIII, entre natureza e cultura? Não estariam esses teóricos replicando os equívocos daqueles que tratavam/tratam tudo como apenas natural, ignorando o cultural, mas agora substituindo o lado?

    Desde já agradeço pela resposta.

    Wendell P. Machado Cordovil

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    1. Olá. Boa tarde, Wendell. Muito necessárias suas perguntas. Confesso que refleti bastante sobre elas para chegar a uma resposta plausível.

      A primeira pergunta trata sobre uma verdade que não existe, mas que é construída. Esta é a premissa de qualquer trabalho histórico na atualidade. Ou seja, deixamos de lado pensamento positivista, da história absoluta e indiscutível, para uma história que depende da análise do discurso, da revisão documental, das perspectivas múltiplas, e logicamente, do contexto em que se insere: geográfico, espacial e temporal.
      Sobre a segunda pergunta, de forma alguma vejo o reavivamento retrógado. Apesar de existirem trabalhos que mantém esse tradicionalismo teórico, o texto é enfático em abordar a forma como os estudos de gênero evoluíram desde então. Eu vejo progresso quando o gênero, nas discussões, deixa de estar atrelado à natureza, ou seja, à biologia, como já vem acontecendo ao longo das décadas no mundo acadêmico. Na citação inicial do segundo parágrafo, vemos que, na década de 1950, 60 e 70 “gênero já foi entendido como “mulher”, posteriormente, “mulheres”, na década de 1980, para somente na década de 1990 ser analisado a partir das “relações de gênero” (PEDRO, 2011). Experimentando, no decorrer da década de 1990 uma análise síncrona com a interseccionalidade, para depois sofrer críticas da Teoria Queer, que quebraria a ideia da dicotomia de gênero, fazendo-nos pensar na constituição da identidade e da sexualidade a partir da cultura, das experiencias e experimentações individuais e coletivas.

      Em suma, enquanto o estruturalismo mantém-se vinculado a estruturas pré-concebidas, o pós-estruturalismo rompe as bases dessas estruturas. Isto é, “se o estruturalismo separou o signo do referente, esse pensamento – frequentemente mencionado como “pós-estruturalismo” – dá um passo além: separa o significante do significado” (EAGLETON, 2006, p. 176). A partir de então gênero não está mais vinculado a dicotomia tradicional, muito menos as complexidades do feminino, que Simone de Beauvoir discutiu em seu livro O Segundo Sexo, em 1949. Atualmente, seguindo essa era pós-estrutural, ele estará ligado as ideias centrais de Judith Butler, que o pensou em Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade, de 1990, como uma identidade não natural, mas que se cristaliza, podendo ser fluida e consubstancial.

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  3. Olá Pedro. Interessante e pertinente temática a do seu artigo. Você acredita que a mídia seria a principal forma de esclarecer e educar a população sobre sexualidade, gênero e identidade? Ou o Estado é que pode de fato mudar a situação? Em sua pesquisa, há alguma indicação, histórico ou teoria do que seria mais eficaz para informar a população e desconstruir os estereótipos criados culturalmente?

    MARIA CRISTINA HASS ZANONI

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