A HISTÓRIA ANTIGA DO EXTREMO ORIENTE EM LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO

Leonardo Paiva Monte
Mestre em História Social (USP)

Lilian Bento de Souza Silva
Graduada em História (UEPB)


Resumo:

Este artigo apresenta alguns pontos sobre o ensino da história do Oriente, indicando o que é observado em livros didáticos do ensino médio. Optou-se por fazer um levantamento em materiais didáticos organizados por professores universitários, procurando apontar o que é considerado relevante para o ensino de História Antiga do Oriente.

Palavras-chave: Ensino; História do Oriente; Livro didático; Orientalismo.


Comentários

  1. Excelente texto, parabéns! Durante a leitura é perceptível que enquanto alguns livros ignoram a temática sobre a História da Ásia, outros livros didáticos tentam agrupar características intrínsecas de regiões do Oriente em um mesmo nicho. Gostaria de saber se essa generalização ou o enfoque somente em uma região ou nação no conteúdo do material didático, podem vim a torna-se uma problemática?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Amanda.
      Sim, nos livros didáticos a história foi por muito tempo eurocêntrica. O restante do mundo apenas orbitava em torno da Europa. Isso tem mudado e outros povos têm sido lembrados. Embora, muitas vezes, o exotismo e estereótipos ganhem espaço nessa histórias.

      Lilian

      Excluir
  2. Antes de mais nada, gostaria de cumprimentar pela iniciativa deste artigo. Gostaria também de compartilhar alguns questionamentos que a mesma me suscitou.

    A partir da constatação de que “o Oriente” é uma criação calculada de indivíduos europeus sobre realidades que se estendem da Capadócia ou Palestina até os arquipélagos japonês ou indonésio, como Vas. Sras. percebem uma visão reducionista sobre a própria concepção de “Ocidente”, no singular, basear-se, semelhantemente, em reducionismos desproporcionais de tudo aquilo que pode-se conhecer de realidades culturais classificadas como “ocidentais”...???? Uma certa visão de “Ocidente” não tão articulada quanto as matrizes culturais que lhe são atribuídas não seria reproduzir os equívocos categóricos que alguns europeus ocidentais “elaboraram” sobre as realidades asiáticas supracitadas...????

    ResponderExcluir
  3. Até que ponto Vas. Sras. reconhecem não apenas a ausência de uma (vontade institucional de Profs. Drs. pela) qualificação técnica de nossas graduações para a formação de um profissional, o historiador, para promover o ensino e a pesquisa DE QUALIDADE sobre realidades culturais asiáticas...????

    Até que ponto Vas. Sras. percebem um preparo linguístico-filosófico suficiente do bacharel e licenciado em História que dialogue metodologicamente com essas vozes autóctones da Ásia a partir de, e nos, livros didáticos, de modo que este mesmo graduado não reproduza, inconscientemente, os mesmos equívocos do “Orientalismo” criticado por Said...????

    ResponderExcluir
  4. Até que ponto Vas. Sras. concordam com a ideia de que deveríamos, em nome de um Ensino Médio de qualidade, estender em mais um ano sua duração, ao invés de mantermos os mesmos três anos, com uma provável saturação de conteúdo quantitativo, sem um desenvolvimento qualitativo de habilidades intelectuais, tendo em vista esta perspectiva de alargamento de horizontes temáticos asiáticos no âmbito secundarista brasileiro...????

    Desde já agradeço pela atenção.

    ResponderExcluir
  5. Parabéns pelo texto e por trabalhar com um conteúdo voltado ao ensino. Minhas perguntas são:
    1) Como o texto trabalhou com livros didáticos para o ensino médio, surgiu a dúvida se os pesquisadores pretendem analisar o novo currículo do ensino médio, pensando nas possibilidades de se trabalhar a história do extremo oriente além do livro didático, visto que esse material foi praticamente “abolido” pelas diretrizes do governo.
    2) Sabemos que a realidade do ensino brasileiro é complicada, mas que o profissional da rede pública possui muito mais liberdade de agir que o profissional da rede particular. Se esse profissional de escola pública conseguisse ter acesso à conhecimento além dos materiais didáticos repassados pela escola, ele conseguiria trabalhar com maior liberdade a história de civilizações orientais além da visão preconceituosa existente.
    Pensando também no próprio interesse dos alunos de ensino médio em entender culturas orientais, principalmente com o avanço do k-pop e de dramas coreanos de fácil acesso na internet, os pesquisadores acreditam que os profissionais de História possam trabalhar a cultura oriental além da visão do orientalismo com os alunos?
    3) Minha última pergunta pode ser vista como um pouco polêmica, mas é inevitável não pensar em questões de diversidade ao falar de culturais orientais. Um dos pontos trabalhados no texto é a urgência de se estudar sociedades não ocidentais buscando uma maior convivência com a diversidade. No entanto, todas as sociedades utilizadas como exemplo pelos pesquisadores (China, Japão, Coreias, Índia) são culturas extremamente fechadas, onde a visão ocidental dita iluminista e seus conceitos de liberdade e igualdade não se aplicam como em nossas culturais “do lado de cá”. É viável trabalharmos, buscando o ideal de diversidade, culturas que não celebram essa mesma diversidade?

    Muito obrigada pela atenção!
    Mara Lucia Sousa

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Mara.
      1- Sim, já estamos pesquisando o novo currículo do ensino médio. As ciências humanas estão bem sofridas nele.
      2- Trabalhar com produções culturais feitas nos países orientais pode ajudar a desconstruir muito do imaginário estereotipado de produções feitas na Europa e EUA, por exemplo. Com o crescimento e divulgações de filmes, séries etc. feitos no Oriente, o professor tem outras alternativas para trabalhar em sala de aula além do livro didático.
      3- Acho importante conhecer essas outras culturas, por mais fechadas que sejam (mesmo para entender o porquê de elas serem como são). Embora esse isolamento esteja cada vez mais enfraquecido graças a globalização e tecnologia.

      Leonardo

      Excluir
  6. Parabéns pelo artigo.

    Infelizmente é evidente a ausência de disciplinas sobre o Oriente, inclusive no próprio ensino superior, portanto minha primeira observação é sobre isso: Antes de chegar ao ensino médio, é necessário capacitar os discentes universitários para dominar o assunto - afinal, por serem países com culturas tão distantes do Brasil, é preciso ter conhecimento para não cair em senso comum e preconceitos -, em diversas universidades do Brasil não há disciplinas voltadas para China, Japão, Índia, Afeganistão, Coreia do Sul, Coreia do Norte etc. Um exemplo é a própria Universidade Federal do Pará, apesar do municipío paraense Tomé-Açu ter a terceira maior colônia de nipo-brasileiros, a Faculdade de História da UFPA infelizmente não oferta nenhuma disciplina na graduação voltada para o Oriente.

    Minha segunda observação - e dessa vez trago um questionamento aos autores do artigo -, é sobre a falta de exigência do conhecimento sobre Oriente na realização de vestibulares como o popular Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), este pode ser um dos motivos da falta de representação da História do Oriente nos livros didáticos do ensino médio?

    Desde já, agradeço pela atenção.
    Sthefany Melissa Silva Pinheiro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá,
      Sim, mesmo o currículo do ensino superior ainda é voltado para Europa, o que acaba limitando conhecer outros povos. O oriente costuma ser lembrado apenas no século XX com os conflitos armados que lá se deram.
      Acredito que as limitações referentes ao ensino de História do Oriente estejam mais voltadas ao tipo de história que se produziu por muito tempo (aquela eurocêntrica e branca). Como o exemplo que você citou de Tomé-Açu e a escolha da universidade em não ofertar disciplinas sobre o Oriente.

      Lilian

      Excluir
  7. Boa tarde. Excelente o artigo, parabéns aos autores.
    O texto é encerrado com um convite à reflexão sobre uma solução educacional para o problema da "margnalização" do estudo do Oriente.
    Na opinião dos autores, quais seriam efetivamente as soluções para que o Oriente passe a ter a importância que lhe é devida na grade escolar?
    Marcos Roberto Costa Candido

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Marcos.

      As músicas, filmes, séries e demais produções culturais feitas em países orientais fazem sucesso, principalmente, entre o público jovem. Isso poderia ser um gancho para os educadores abordarem essas outras culturas. Lembrar que existem outros centros de cultura, além de EUA e Europa, pode ser enriquecedor no processo educacional.

      Lilian.

      Excluir
  8. Parabéns pelo texto riquíssimo em conhecimento, gostaria de saber como o conhecimento sobre o orientalismo ajudará ao aluno a entender sobre os fatores culturais que o ocorrem no mundo?e como esse conteúdo será abordado nos livros didáticos?
    Maria Karoline Campelo Bezerra

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá,
      Em sala de aula, entender o orientalismo pode ajudar os alunos e alunas a desnaturalizarem os discursos feitos sobre o Outro, muitas vezes tão cheios de estereótipos. Os livros podem trazer questionamentos sobre as imagens que temos acerca dos Outros. Embora, com a reforma do ensino médio, o ensino de história vá sofrer em sala de aula.

      Leonardo

      Excluir
  9. Parabéns, pelo texto!

    Realmente ainda temos muito pouco conteúdo sobre povos asiáticos nos livros didáticos de História. Gostaria de saber de vocês se já analisaram algumas coleções do "Novo Ensino Médio", de maneira que, pelo que tenho visto diminuiu ainda mais o conteudo sobre essa temática.

    Atenciosamente, Edivaldo Rafael de Souza.

    ResponderExcluir
  10. Parabéns. Excelente texto, realmente o ensino de história demorou para iniciar os trabalhos sobre a cultura asiática, como também da África, que mesmo nos currículos das graduações superiores eles são recentes. A Ásia que costuma ser ensinada é a que tem ligação cultural por parte da religião ocidental, que é a do oriente médio. Gostaria de saber se essa posição de destaque que a China está tendo na economia global e seu posicionamento político diferente do ocidente, no caso do comunismo, seria um dos motivos que levou a educação a se interessar mais com esse continente? E qual foi o momento em que esses ensinos começaram a interessar para educação brasileira, e quebrar aquele tradicionalismo da história contada segundo os europeus, ou conquistadores como costuma ser dito?

    Atenciosamente, Henrique Perini Milioli

    ResponderExcluir

Postar um comentário